Uma declaração de amor a Natal
Daniela Pacheco Editora de Cultura “Um dia eu estava em casa, com o violão na mão, e as imagens do último Carnatal foram surgindo na minha memória. “Amor demais” já nasceu pronta, e esta música foi a maneira mais bonita que encontrei para retribuir a cumplicidade e o carinho que recebi durante esses 16 anos que estou a frente do bloco Bicho. Mas a música é uma declaração de amor não só ao Bicho, bloco que amo e que tenho orgulho, mas a todos os potiguares que me acompanharam em todos esses anos de Carnatal“, declara o baiano Ricardo Chaves, que com a simpatia, humildade e alegria que o faz ser querido por onde passa, bateu um papo com a equipe d’ O JORNAL DE HOJE. O JORNAL DE HOJE - Você está a frente do bloco Bicho 16 anos que é um dos mais tradicionais do Carnatal. Como foi levar um bloco, que já é um sucesso, para o maior Carnaval do mundo, que acontece em Salvador? Ricardo Chaves - A idéia de levar o Bicho para o Carnaval de Salvador surgiu, por incrível que pareça, em cima do trio, no último dia do Carnatal. Foi tudo tão lindo, tão mágico, que eu queria mostrar ao maior Carnaval do planeta, que o Bicho é tão bom como qualquer outro grande bloco que desfila no carnaval da Bahia. E o que parecia loucura, virou realidade. O bloco Bicho foi lançado faltando apenas 28 dias do carnaval começar. Foi incrível como tudo contribuiu para que desse certo! Eu já estava há três anos sem puxar um bloco em Salvador, só trio independente. O Bicho fez tanto sucesso que, em 2009, o bloco sai três dias no circuito Barra-Ondina. O JORNAL DE HOJE - No dia-dia, como é a sua rotina? Ricardo Chaves - Quase sempre passo no escritório para ver como estão as coisas, fazer avaliações com a equipe e planejamento de ações. Destino sempre um tempo para responder os e-mails que chegam no site. Procuro estar o mais presente possível com meus filhos nas atividades do tipo levar e buscar na escola, cursos, etc. Quando tem eventos especiais como o Carnatal, ensaio sempre no período da tarde. O JORNAL DE HOJE - Qual o seu maior sonho que ainda não realizou? Ricardo Chaves - Desde que eu comecei a cantar, tenho um desejo que não sei se posso chamar de sonho. Quero continuar cantando até quando a saúde me permitir independente do estilo. Gosto de cantar, é uma coisa que me faz bem. Espero poder viver muito e quando chegar minha hora, que eu esteja lúcido sem dar muito trabalho a minha família. Aí, acho que irei realizado levando muitas lembranças boas de uma vida vivida com muito prazer apesar dos problemas que fizeram parte dela. O JORNAL DE HOJE - Qual é o seu maior medo? Ricardo Chaves - Morrer antes de ver meus filhos encaminhados nas suas vidas. O JORNAL DE HOJE - Qual a canção que poderia ser o fundo musical da sua vida? Ricardo Chaves - Uma de Gonzaguinha chamada "O Que é,O Que é?". O refrão sintetiza o que penso. "Viver, e não ter a vergonha de ser feliz, cantar a beleza de ser um eterno aprendiz. Eu sei que a vida devia ser bem melhor e será. Mas isso não impede que eu repita, é bonita..." O JORNAL DE HOJE - O que você costuma fazer na hora do lazer? Ricardo Chaves - Sempre gostei muito de ir ao futebol ver o Bahia jogar, mas depois que a arquibancada do estádio caiu, não tenho como assistir pois o time não tem onde jogar em Salvador. Me contento acompanhando os jogos de futsal do meu filho. Já é bi-campeão baiano. Outro lazer foi impedido pela lei seca. Tinha o costume de encontrar meus amigos em algum bar para bater papo mas agora está complicado. O JORNAL DE HOJE - Você tem algum vicio? Ricardo Chaves - Não tenho nenhum. Consegui vencer o cigarro antes dele acabar comigo. O JORNAL DE HOJE - O que significa Carnatal na sua vida? Ricardo Chaves - É um capítulo dos mais importantes na história da minha vida. É fundamental em minha carreira. Eu sou um artista que adora tocar em trio elétrico pelas ruas e hoje temos cada vez menos eventos nesse formato. Todos estão virando "in door". O Carnatal é sem dúvida o maior depois do Carnaval de Salvador. Graças a ele, conheci Natal e me apaixonei. Construí uma relação de amizade com pessoas que gosto muito. E, depois de 28 anos que puxei o meu 1° bloco, devo ao Carnatal a oportunidade de ter feito um que não é só um bloco mas um estado de espírito. O Bicho é sem dúvida nenhuma o bloco dos que já cantei, e não foram poucos, o que mais me marcou. Como artista e como pessoa. Vivi momentos que, tenho certeza, muito pouca gente teve oportunidade de viver. Nos últimos anos, passei e ainda tenho passado por problemas pessoais muito sérios que interferiram seriamente na minha carreira. Esse bloco foi uma das razões pela qual eu ainda continuo cantando. O significado do Carnatal para mim é muito maior do que qualquer pessoa possa imaginar.
Repórter: Daniela Pacheco
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